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quinta-feira, 5 de abril de 2012

Páscoa

PÁSCOA, TEMPO DE LEMBRAR E DE MORRER

Nessa semana, os cristãos do mundo inteiro, sejam católicos ou protestantes comemoram a Semana Santa.
Na tradição judaica essa é a data em que os judeus comemoram a libertação e fuga de seu povo escravizado no Egito.
Pela tradição cristã a comemoração gira em torno da pessoa de Cristo, pois foi na semana do Pesah Judaico, que é a páscoa judaica em comemoração à libertação do povo de Israel, que Jesus foi morto, crucificado e ressurgiu dentre s mortos.
Nesse período, muitos eventos ligados à páscoa acontecem, sem que as pessoas se dêem conta do que realmente a páscoa significa.
Até mesmo muitos cristãos, confundem o significado do segundo maior evento do Cristianismo, depois do nascimento de Cristo e da importância e envergadura. Passaremos a escrever sobre que a páscoa é e o que ela não é.

O QUE A PÁSCOA NÃO É
Um Tempo de Purificação
Os cristãos católicos nos 40 dias que antecedem a páscoa fazem uma purificação pessoal, uma espécie de preparação para a semana santa.
Essa purificação, começa na quarta-feira de cinzas e segue até a quinta –feira que antecede a sexta-feira da paixão.
Esse desejo de é louvável e belo, mas, purificação, não é esse o sentido principal da páscoa.

Também se tenta associar fertilidade a páscoa, através do ovo de páscoa. O ovo é símbolo bastante antigo, anterior ao Cristianismo, que representa a fertilidade e a renascimento da vida. Muitos séculos antes do nascimento de Cristo, a troca de ovos no Equinócio da Primavera (21 de Março) era um costume que celebrava o fim do Inverno e o início de uma estação marcada pelo florescimento da natureza. Para obterem uma boa colheita, os agricultores enterravam ovos nas terras de cultivo. Quando a Páscoa cristã começou a ser celebrada, a cultura pagã de festejo da Primavera foi integrada na Semana Santa. Os cristãos passaram a ver no ovo um símbolo da ressurreição de Cristo.
A tentativa de incluir fertilidade a esse período também é louvável, mas também não é esse o principal simbolismo da páscoa.
Também não se pode associar ovo a renascimento e sim a nascimento. E, nascimento, definitivamente não é o que se comemora na páscoa.

O QUE A PÁSCOA É
A Páscoa é um Tempo de Lembrança e de Comunhão
É um tempo de lembrarmos o que Jesus fez por nós. O que Ele fez, fez para reconciliar homem com Deus, pois estávamos afastados e destituídos da Glória de Deus. Sua morte nos proporcionou um acesso direto à sala do trono, sem que antes tenhamos que passar por nenhuma espécie de intermediário.
Foi nesse tempo que Jesus passou por cima, apagou os pecados da humanidade, todos de uma só vez. A Bíblia King James parecer ser a versão que possui a melhor palavra para definir o que Jesus fez nesse período de páscoa. Nessa versão da Bíblia a expressão usada para páscoa é Past Over, ou seja, passar por cima.
É nesse período que Jesus com sua morte, “passa por cima” dos pecados da humanidade.
Por isso páscoa simboliza comunhão. É tempo de comunhão com Deus. Quem tem comunhão com Ele, também tem comunhão com seu próximo.
Aproveite esse período não para se purificar, mas para ter comunhão real com Deus. Afinal, Deus não está presente em nenhum ritual, mas em qualquer lugar onde haja um coração quebrantado que com simplicidade busque sua face e queira se relacionar e ter comunhão real com Ele.

A Páscoa é um Tempo de Morte
Foi nesse período que Jesus morreu. Foi nesse tempo que ele abriu mão de ser Deus e se fez carne como nós.
Sua morte simboliza antes de tudo a humilhação própria. Sua morte deveria deixar para o cristianismo, não lembrança de fertilidade ou purificação, mas um legado de morte.
Morte do nosso eu. Esse eu que maltrata as pessoas, que fala mal, que agride, que não sabe se portar com amor, que quer poder a todo custo, que quer dinheiro para pisar, para provar algo, paras e prostituir, para se envaidecer.
O maior legado do cristianismo não é nascimento, ou fertilidade, ou mesmo purificação, mas morte.
Foi morrendo, que Deus nos Deus vida plena. Foi morrendo que Jesus conquistou nossa liberdade.
Se você conseguir morrer, viverá uma vida livre e muito mais plena. Matando seu eu você conseguirá viver uma vida livre da ditadura das conquistas humanas.
Se conseguir matar seu eu, sua saúde será melhor, porque 80% das doenças são psicossomáticas. E essas doenças surgem de diversos fatores: da falta de perdão e da amargura; da depressão; do rancor; da sede exagerada de conquistas.
É morrendo que conseguiremos o melhor da vida. Sem morte, não há perdão e não há compreensão, por exemplo. Porque para perdoarmos ou mesmo compreendermos é preciso antes fazer morrer nosso eu.
Todos querem vida, mas ninguém quer morrer. Mas, para termos vida de fato, sem morte é impossível, porque vida plena, só conseguiremos, quando matarmos nosso amado e estimado eu e a nossas paixões pessoais.
Morra; para que assim você viva o melhor que Deus tem para você. Lembre-se “seríamos bem melhores se não quiséssemos ser tão bons”. Reflita nisso.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

CARNAVAL - A FESTA DA CARNE


O carnaval no Brasil, uma das mais conhecidas festas populares do mundo, é totalmente contrário aos valores cristãos. Mas, por outro lado, não podemos deixar de considerar que esta festa é uma manifestação folclórica e cultural do povo brasileiro. Será que o carnaval, na proporção que vemos hoje – com suas mais variadas atrações, com direito a escândalos e tudo, envolvendo políticos (quem não se lembra do episódio ocorrido com Itamar Franco?) e alcançando as camadas mais humildes da sociedade – é o mesmo de antigamente? Onde e como teve início o carnaval? Qual tem sido a sua trajetória, desde o seu princípio até os dias atuais? Existem elementos éticos em sua origem? São perguntas que, na medida do possível, estaremos respondendo no artigo que segue.

Origem histórica da festa
A palavra carnaval deriva da expressão latina carne levare, que significa abstenção da carne. Este termo começou a circular por volta dos séculos XI e XII para designar a véspera da quarta-feira de cinzas, dia em que se inicia a exigência da abstenção de carne, ou jejum quaresmal. Comumente os autores explicam este nome a partir dos termos do latim tardio carne vale, isto é, adeus carne, ou despedida da carne; esta derivação indicaria que no carnaval o consumo de carne era considerado lícito pela última vez antes dos dias do jejum quaresmal - outros estudiosos recorrem à expressão carnem levare, suspender ou retirar a carne: o Papa São Gregório Magno teria dado ao último domingo antes da quaresma, ou seja, ao domingo da qüinquagésima, o título de dominica ad carnes levandas; a expressão haveria sido sucessivamente abreviada para carnes levandas, carne levamen, carne levale, carneval ou carnaval – um terceiro grupo de etmologistas apela para as origens pagãs do carnaval: entre os gregos e romanos costumava-se exibir um préstito em forma de nave dedicada ao deus Dionísio ou Baco, préstito ao qual em latim se dava o nome de currus navalis: de onde vem a forma carnavale.1
Na verdade a real origem do carnaval é um tanto obscura. Alguns historiadores assentam sua procedência sobre as festas populares em honra aos deuses pagãos Baco e Saturno. Em Roma, realizavam-se comemorações em homenagem a Baco (deus de origem grega conhecido como Dionísio e responsável pela fertilidade. Era também o deus do vinho e da embriaguez). As famosas bacanais eram festas acompanhadas de muito vinho e orgias, e também caracterizadas pela alegria descabida, eliminação da repressão e da censura e liberdade de atitudes críticas e eróticas. Outros estudiosos afirmam que o carnaval tenha sido, talvez, derivado das alegres festas do Egito, que celebravam culto à deusa Isís e ao deus Osíris, por volta de 2000 a.C.
A Enciclopédia Britânnica afirma: Antigamente o carnaval era realizado a partir da décima segunda noite e estendia-se até a meia-noite da terça-feira de carnaval2. Outra corrente de pensamento entende que o carnaval teve sua origem em Roma. Enquanto alguns papas lutaram para acabar com esta festa (Clemente, séculos IX e XI, e Benedito, século XIII), outros, no entanto, a patrocinavam.
A ligação desta festa com o povo romano tornou-se tão sólida que a Igreja Romana preferiu, ao invés de suspendê-la, dar-lhe uma característica católica. Ao olharmos para países como Itália, Espanha e França, vemos fortes denominadores comuns do carnaval em suas culturas. Estes países sofreram grandes influências romanas. O antigo Rei das Saturnais, o mestre da folia, é sempre morto no final das antigas festas pagãs.
Vale ressaltar que O festival Dionisíaco expõe em seu tema um grande contra-senso, descrito na The Grolier Multimedia. Enciclopédia, 1997: A adoração neste festival é chamada de Sparagmos, caracterizada por orgias, êxtase e fervor ou entusiasmo religioso. No entanto, seu significado é descrito no mesmo parágrafo da seguinte forma: Deixar de lado a vida animal, a comida dessa carne e a bebida desse sangue.

A origem do carnaval no Brasil
O primeiro baile de carnaval realizado no Brasil ocorreu em 22 de janeiro de 1841, na cidade do Rio de Janeiro, no Hotel Itália, localizado no antigo Largo do Rócio, hoje Praça Tiradentes, por iniciativa de seus proprietários, italianos empolgados com o sucesso dos grandes bailes mascarados da Europa. Essa iniciativa agradou tanto que muitos bailes o seguiram. Entretanto, em 1834, o gosto pelas máscaras já era acentuado no país por causa da influência francesa.
Ao contrário do que se imagina, a origem do carnaval brasileiro é totalmente européia, sendo uma herança do entrudo português e das mascaradas italianas. Somente muitos anos depois, no início do século XX, foram acrescentados os elementos africanos, que contribuíram de forma definitiva para o seu desenvolvimento e originalidade.
Nessa época, o carnaval era muito diferente do que temos hoje. Era conhecido como entrudo, festa violenta, na qual as pessoas guerreavam nas ruas, atirando água uma nas outras, através de bisnagas, farinha, pós de todos os tipos, cal, limões, laranjas podres e até mesmo urina. Quando toda esta selvageria tornou-se mais social, começou então a se usar água perfumada, vinagre, vinho ou groselha; mas sempre com a intenção de molhar ou sujar os adversários, ou qualquer passante desavisado. Esta brincadeira perdurou por longos anos, apesar de todos os protestos. Chegou até mesmo a alcançar o período da República. Sua morte definitiva só foi decretada com o surgimento de formas menos hostis e mais civilizadas de brincar, tais como o confete, a serpentina e o lança-perfume. Foi então que o povo trocou as ruas pelos bailes.


Evangelismo ou retiro espiritual?
A maioria das igrejas evangélicas, hoje, tem sua própria opinião quanto ao tipo de atividade que deve ser realizada no período do carnaval. Enquanto algumas igrejas participam de retiros espirituais, outras, no entanto, preferem ficar na cidade durante o carnaval com o objetivo de evangelizar os foliões.
Temos que respeitar as duas posições, pois cremos que os cristãos fazem tudo por amor ao Senhor e com a intenção de ganhar almas para Jesus e edificar o corpo de Cristo (Cl 3.17). Entendemos, também, o propósito dos retiros espirituais: momentos de maior comunhão com o Senhor que tem feito grandes coisas em nossas vidas. Muitos crentes têm sido edificados pela pregação da Palavra e atuação do Espírito Santo nos acampamentos promovidos pelas igrejas. Todavia, a visão de aproveitarmos o carnaval para testemunhar é pouco difundida em nosso meio.
Entendemos, com isso, que, em meio à pressão provocada pelo mundo, a igreja deve buscar estratégias adequadas para posicionar-se à estas mudanças dentro da Palavra de Deus, e não dentro de movimentos contrários a ela. A Bíblia é a fonte, e não os fatores externos.
Cristãos de todos os lugares do Brasil possuem opiniões diferentes a respeito da maneira adequada para a evangelização no período do carnaval. Mas devemos notar que Cristo nunca perdeu uma oportunidade para pregar, nem mesmo fugia das interrogações ou situações religiosas da época. Não podemos deixar de olhar o que está escrito na Bíblia: Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina (2 Tm 4.2). Aqui o apóstolo Paulo exorta a Timóteo a pregar a Palavra em qualquer situação, seja boa ou má. A Palavra deve ser anunciada. Partindo deste princípio, não devemos deixar de levar o evangelho, não importando o momento.
Assim, devemos lançar mão da sabedoria que temos recebido do Senhor e optar pela melhor atividade para a nossa igreja nesse período tão sombrio que é o carnaval. A igreja jamais pode ser omissa quanto a esse assunto. O cristão deve ser sábio ao tomar sua decisão.